Ser pai
Ser pai transforma grandes homens em grandes Bichas.
A maior parte dos meus amigos, à semelhança de todas as outras criaturas e seguindo o preceito do que está instituído como normal, começam agora a garantir a única eternidade que lhes (nos) é possível, enquanto seres vivos: Ser Pai. Então, todos os dias, assisto à triste transformação, de um forma totalmente incompreensível, de grandes Machos em grandes Bichas.
Nunca pensei que fosse possível alguém falar de merda e de fraldas com tanto fervor! Era impensável, pelo menos para mim, imaginar que até a consistência e a cor da dita fosse motivo de discussão minuciosa, aguerrida mas aprazível, química, em qualquer lugar que não um laboratório de análises. Os próprios, outrora “machos men”, transformam-se nos mais dedicados analistas: “Ah, o cócó do meu filho está um pouco claro... coitadinho!, acho que lhe meti leite em pó a mais no biberão”, suspiram, como se esse tivesse sido o acto mais criminoso cometido à face da terra. Um simples arroto gera nestes meus amigos cordeiros o maior dos orgulhos: “O meu filho a arrotar parece um lorde!”. E as flatulências?, por mais inaudível que sejam, passam a ser assunto para as mais animosas discussões. O básico tema do futebol resvala, inevitavelmente, a secundário.
Chegar ao trabalho a morrer de sono e cansaço, com um banho tomado à pressa às 6 horas da manhã para tirar o cheiro do suor e do tabaco, deixou de ser motivo de orgulho. Agora chegam remelosos, mais cansados que orgulhosos, umas vezes porque o fruto da paternidade lhe deu para chorar, outras, porque o rapaz não chorou e então os papás preocupados passaram toda a noite a auscultar-lhes a respiração e os movimentos. A única farra que os totós agora fazem é na festinha de natal no infantário onde se vestem de galinhas e patos para acompanharem o espírito da festa.
O primeiro dente, o primeiro gemido, a primeira palavra, o primeiro gatinhar, tudo!, tudo é festejo. Se a primeira palavra for “pai” dá logo direito a uma rodada de cerveja no bar mais próximo. Uma rodada para nós, os outros, os que ainda não somos pais, nós, os desalinhados, porque eles, os rotos, deixaram de beber álcool após o nascimento do primeiro filho: “Ai, e tal... É para não dar mau exemplo”, têm a coragem de argumentar.
Tenho saudades!, porque não haveria de ter?! Tenho saudades das inócuas discussões à volta do futebol. Tenho saudades das dissertações sentidas dissecando prazerosamente as mamas das gajas que nos passavam na rua. Tenho saudades das discussões tão eruditas – mas doseadas irmamente de incompreensão e ausência de conteúdo - sobre cavalos, cilindradas, jantes e perfis de pneus. Tenho saudades da única mistura digna de roubar a atenção, o sono e a vida a qualquer homem, na verdadeira decepção da palavra: Carros, futebol, cervejas e gajas (nessa infeliz sequência, para alguns!). Tenho saudades de lhes ouvir as aventuras sobre o tempo, o tempo em que eram putos. Tenho saudades e pronto!
A maior parte dos meus amigos, à semelhança de todas as outras criaturas e seguindo o preceito do que está instituído como normal, começam agora a garantir a única eternidade que lhes (nos) é possível, enquanto seres vivos: Ser Pai. Então, todos os dias, assisto à triste transformação, de um forma totalmente incompreensível, de grandes Machos em grandes Bichas.
Nunca pensei que fosse possível alguém falar de merda e de fraldas com tanto fervor! Era impensável, pelo menos para mim, imaginar que até a consistência e a cor da dita fosse motivo de discussão minuciosa, aguerrida mas aprazível, química, em qualquer lugar que não um laboratório de análises. Os próprios, outrora “machos men”, transformam-se nos mais dedicados analistas: “Ah, o cócó do meu filho está um pouco claro... coitadinho!, acho que lhe meti leite em pó a mais no biberão”, suspiram, como se esse tivesse sido o acto mais criminoso cometido à face da terra. Um simples arroto gera nestes meus amigos cordeiros o maior dos orgulhos: “O meu filho a arrotar parece um lorde!”. E as flatulências?, por mais inaudível que sejam, passam a ser assunto para as mais animosas discussões. O básico tema do futebol resvala, inevitavelmente, a secundário.
Chegar ao trabalho a morrer de sono e cansaço, com um banho tomado à pressa às 6 horas da manhã para tirar o cheiro do suor e do tabaco, deixou de ser motivo de orgulho. Agora chegam remelosos, mais cansados que orgulhosos, umas vezes porque o fruto da paternidade lhe deu para chorar, outras, porque o rapaz não chorou e então os papás preocupados passaram toda a noite a auscultar-lhes a respiração e os movimentos. A única farra que os totós agora fazem é na festinha de natal no infantário onde se vestem de galinhas e patos para acompanharem o espírito da festa.
O primeiro dente, o primeiro gemido, a primeira palavra, o primeiro gatinhar, tudo!, tudo é festejo. Se a primeira palavra for “pai” dá logo direito a uma rodada de cerveja no bar mais próximo. Uma rodada para nós, os outros, os que ainda não somos pais, nós, os desalinhados, porque eles, os rotos, deixaram de beber álcool após o nascimento do primeiro filho: “Ai, e tal... É para não dar mau exemplo”, têm a coragem de argumentar.
Tenho saudades!, porque não haveria de ter?! Tenho saudades das inócuas discussões à volta do futebol. Tenho saudades das dissertações sentidas dissecando prazerosamente as mamas das gajas que nos passavam na rua. Tenho saudades das discussões tão eruditas – mas doseadas irmamente de incompreensão e ausência de conteúdo - sobre cavalos, cilindradas, jantes e perfis de pneus. Tenho saudades da única mistura digna de roubar a atenção, o sono e a vida a qualquer homem, na verdadeira decepção da palavra: Carros, futebol, cervejas e gajas (nessa infeliz sequência, para alguns!). Tenho saudades de lhes ouvir as aventuras sobre o tempo, o tempo em que eram putos. Tenho saudades e pronto!
Que tipo de Homens irão dar estas crianças com pais vendidos assim?
12 Bocas:
já li coisas melhores...
Será que não tens inveja desses teus amigos!!
Será que o teu maior desejo é ser pai!!
Por isso tudo aquilo que eles te contam incomoda-te profundamente!
Pára para pensar...porque não lutas por aquilo que realmente queres ser e fazer?
Acho que o teu pior problema é contigo mesmo e ainda não conseguiste ultrapassar...
Pensa nisso ok?
Beijo F
Inveja? Não me faltam por aí barrigas de aluguer em estado devoluto. Mas calma... primeiro há outras coisas para viver.
Vou pensar no meu maior problema só porque tu, F, pediste. Pensa nisso, ok?
Oh! Nunca pensei que ficasses tão chateado com o que te disse...serviu a carapuça?
Julgava-te um homem mais romântico e sensível...mas afinal acho que deves ser um pouco frio...pensa nisso, ok?
Esqueci de assinar no comentário anterior...
Beijo F
Só podes estar a confundir-me com o rôto do Kid A... Pensa nisso!
Não podia estar mais de acordo! Não há nada mais deprimente que passar do vamos beber um copo a "comprei uma roupinha lindissima para o meu filhote" ou "ontem vomitou me em cima". Tá bem que ter um filho é uma benção, mas vamos ter calma...
Não tem nada haver com ser sensível ou romântico, por que isso eu sei que és, tem é haver com o grau de saturação a que se chega, o que é demais é exagero!
Quem não souber interpretar o que escreveste só fica é a perder!!!
Bem! Assim não dá! Dois contra uma, não é justo!
Vocês não estão a ver as coisas como elas realmente são!
Para "lá ir" estão sempre prontos!
Nunca pensaram o porquê da procriação?
Não sejam egoístas!
Como vieram vocês parar cá neste mundo? Se calhar foi a cegonha!!
Vocês são mesmo insensíveis! Pensem nisso, Ok?
Beijo F
Filomena estás novamente aqui...para que?
Estou aqui para dar um bocadinho de ânimo! Não gostas da minha presença?
Já agora...posso ficar com esse nome que inventas-te...Filomena..pode ser
Fica bem...Beijo F
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... ?
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